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“Alface digital”: economista diz que boom da IA “vai murchar”; entenda

O economista irlandês David McWilliams. Foto: Reprodução

O economista irlandês David McWilliams disse à revista americana Fortune que o atual boom dos Estados Unidos em torno da inteligência artificial vai “sem dúvida entrar em colapso”. Ele descreveu a euforia financeira após notar que até um motorista de Uber falava sobre ações, bitcoin, IA e Nvidia.

Para McWilliams, essa obsessão por dinheiro é histórica nos EUA e contrasta com a cultura europeia, que considera mais avessa ao risco. Nesse cenário de entusiasmo generalizado, ele argumenta que a IA não cria empregos e depende de investimentos altamente perecíveis.

O centro da crítica é a dependência de GPUs, que ele chama de “alface digital”. Segundo McWilliams, empresas estão investindo bilhões em equipamentos que se desatualizam rapidamente, como chips que “vão murchar agora”. Ele se une a um debate já levantado por nomes como Michael Burry, que vê na depreciação acelerada dos chips um risco sistêmico subestimado pelas big techs. Outros analistas, como Ed Yardeni, discordam e afirmam que data centers continuam úteis por anos, mesmo com tecnologias novas.

Mesmo prevendo um colapso, McWilliams não teme pela capacidade dos EUA de manter a liderança global em inovação. O economista também rejeita a ideia de que empresas de IA seriam “grandes demais para falir” e afirma que o único risco seria o setor convencer o governo de que chips são ativos estratégicos. Para ele, isso não deve acontecer porque, em um ambiente político polarizado, especialmente com Donald Trump em cena, ser “contra o Vale do Silício” tende a render apoio popular.