Alfredinho, dono do bar Bip Bip que quase foi preso por homenagear Marielle, morre aos 75 anos
Reportagem de Sérgio Luz no Globo informa que morreu nesta tarde de sábado de carnaval Alfredo Jacinto Melo, emblemático dono do bar Bip Bip, na Rua Almirante Gonçalves, em Copacabana, reduto do samba e da boemia carioca há mais de meio-século. Conhecido como Alfredinho, o empreendedor e agitador cultural faleceu em sua casa, no mesmo bairro, aos 75 anos. A informação foi confirmada pelo violonista Tiago Prata, frequentador assíduo do estabelecimento há mais de duas décadas.
De acordo com a publicação, fundado em 13 de dezembro de 1968, dia em que foi assinado o AI-5, Ato Instutucional que endureceu ainda mais a repressão do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, o Bip Bip — autêntico pé-sujo carioca, no que a expressão traz de melhor —, em seus diminutos porém aconchegantes 18 metros quadrados se transformou num patrimônio cultural carioca ao longo de sua história. Nascido em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, Alfredinho, um apaixonado mangueirense e botafoguense, assumiu o comando do bar em 1984, criando um ponto de encontro de sambistas, músicos, jornalistas, moradores do bairro e gente que amava as rodas de samba de alto nível do local. A maneira despojada de levar o negócio do dono e sua fama lendária de ranzinza, escondia um homem com fortes crenças políticas de esquerda e grande generosidade, sempre preparado para ajudar quem precisava. Solteiro e sem filhos, ele construiu sua grande família ali, com amigos de diferentes idades e gerações para toda a vida.
“O legado dele é de solidariedade. O Alfredinho ajudava os músicos, as famílias pobres do Rio. Ele fazia uma ceia de Natal todo ano, falava de amor aos necessitados, era um comunista católico que acreditava em Deus, ia à missa sempre. Era ranzinza para quem não o conhecia, mas tinha um coração enorme. O bar dele é uma casa, você pega cerveja na geladeira, anota você mesmo. Ele foi uma das pessoas mais importantes da cultura carioca”, disse Prata, emocionado, completa o Jornal O Globo.
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