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Allan dos Santos era seminarista e conheceu a extrema direita disseminando fake news nos EUA

Allan dos Santos na época de seminarista. Foto: Reprodução/Twitter/Galãs Feios

Da Revista Época.

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Aos 36 anos, Santos é uma celebridade da extrema-direita — uma mudança e tanto de perspectiva para um seminarista que abandonou a vida religiosa recentemente, em 2014. Quando tinha 15 anos e ainda morava no Rio de Janeiro, deixou a Igreja Batista evangélica e se voltou ao catolicismo, inspirado pela visita do papa João Paulo II à capital fluminense, em 1997. Por seis anos, foi membro da organização franciscana Toca de Assis, viajando pelo país em missões de filantropia e assistência social. Quem era da Toca no período lembra do jovem como discreto e trabalhador, sem um grande protagonismo na organização. Depois, Santos passou pelo Seminário da Arquidiocese do Rio de Janeiro e estudou filosofia no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, em Itapecerica da Serra, São Paulo. Nessa época, postava vídeos no YouTube tocando canções religiosas. Aparece usando batina, de barba feita, sempre acompanhado de um violão.

Em 2013, viajou para os Estados Unidos, onde fez parte da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro. Lá, se aproximou do conservador Michael Voris. Começou a se interessar por jornalismo quando trabalhou no site de Voris, o Church Militant, página radical de direita, conhecida também por disseminar conteúdo falso. No mesmo período, começou um blog em português sobre catolicismo, em que postava textos sobre teologia e filosofia. Já era um blogueiro conservador, mas não entrava em polêmicas. No final de cada postagem, vinha o seguinte apelo: “Ajude a divulgar o blogue: envie para um seminarista ou um sacerdote! Em CRISTO, A Edição”.

Nesse período, teve contato com Olavo de Carvalho. No fim de 2014, voltou ao Brasil e criou o Terça Livre, importando o modelo do Church Militant e de outros sites americanos de extrema-direita. Segundo ele mesmo conta, montou a empresa “porque os comunistas estavam querendo criar os sovietes no Brasil, e o (Eduardo) Cunha conseguiu romper com esse projeto”. Desistiu de ser padre. Segundo o amigo e hoje deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ), Santos justifica a decisão dizendo que não aguentaria manter o voto de castidade. De fato, se casou assim que voltou ao Brasil, e hoje já tem três filhos. Da opinião de que, para formar uma família, o melhor é morar em uma cidade do interior, Santos se mudou para Monte Belo do Sul, uma cidade de 2.500 habitantes na serra gaúcha, numa vida bem mais pacata que a de sua cidade natal, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.

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