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Almirante Othon diz que “houve interesse internacional” em sua prisão na Lava Jato

 

O almirante Othon, ex-presidente da Eletronuclear preso na Lava Jato, deu entrevista à Folha.

Condenado a 43 anos de reclusão, sob a acusação de que recebeu propina de empreiteiras que tinham obras em Angra 3, ele foi solto em outubro com um habeas corpus.

O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) defendeu o indulto de Othon Luiz Pinheiro da Silva por considerar que “ele tem muito mais a contribuir com o país estando livre do que preso”.

“Estamos falando de um cientista, um físico nuclear como poucos no mundo. A quem interessa ter esse homem preso? Independentemente dos erros que ele tenha ou não cometido, a contribuição que ele deu e pode dar ao país é muito maior que isso”, disse.

Othon afirma que houve “interesse internacional” em sua prisão.

O senhor diz que sua prisão interessa ao sistema internacional. Que evidência tem disso?

Como começou tudo isso? Num depoimento que o presidente de uma empreiteira fazia sobre um contrato com a Petrobras.

Ele mencionou que ouviu dizer algo sobre o presidente da Eletronuclear estar de acordo com um cartel.

Isso serviu de pretexto para os camaradas vasculharem a minha vida desde garoto. Havia um direcionamento.

Mas haveria um comando externo nas investigações?

Não comando, mas influência forte, ideológica. Não posso provar mas tenho um sentimento muito forte. Houve interesse internacional.

E por que haveria interesse internacional em sua prisão?

Porque tudo o que eu fiz [na área nuclear] desagradou. Qual o maior noticiário que tem hoje? A Coreia do Norte e suas atividades nucleares. A parte nuclear gera rejeição na comunidade internacional.

E o Brasil ser potência nuclear desagrada. Disso eu não tenho a menor dúvida.

Há setores que acreditam que o Brasil deveria desenvolver a bomba atômica. O país fez bem em abrir mão dela?

Eu acho que fez. O artefato nuclear é arma de destruição de massa e inibidora de concentração de força. Mas, no nosso caso, se tivéssemos a bomba, desbalancearíamos a América Latina, suscitando apreensões.

E a última coisa que a gente precisa na América Latina é de um embate.

Othon Pinheiro