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Aluna perde vaga em medicina por não ser considerada parda: “Erraram”

Samille Ornelas – Foto: Reprodução

A baiana Samille Ornelas, de 31 anos, perdeu a vaga no curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) após ser considerada “inapta” para a política de cotas raciais, mesmo se autodeclarando parda. A universidade alegou que ela não possuía “características fenotípicas” suficientes, com base em um vídeo exigido pelo edital. “A única coisa que eu tinha certeza na minha vida era da minha cor, da minha identidade”, afirmou Samille, que já havia cursado Biomedicina pelo Prouni na mesma modalidade de cotas.

Depois de recorrer à Justiça, ela conseguiu uma liminar e iniciou o curso em 2025. Porém, quando restavam duas provas para concluir o primeiro semestre, a decisão foi revertida. Samille descobriu que sua matrícula havia sido cancelada ao tentar acessar o refeitório da universidade. “Minhas notas, minha grade horária, tudo tinha sumido, como se eu não fosse ninguém. Meu mundo caiu. Minha vida toda está assim, bagunçada, destruída, baseada em um vídeo de 17 segundos”, relatou.

Mesmo diante do trauma, ela segue acreditando nas cotas e nas bancas de verificação, embora critique a falta de estrutura que, segundo ela, pode levar a erros. “Só queria que admitissem que erraram”, diz.