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Anestesista preso por estuprar grávida usava sedativo que pode causar alucinações e afetar bebês

Caso Giovanni: Novos relatos de enfermeiras e pacientes
Médico anestesista condenado em flagrante por estupro de gestante durante parto.
Foto: Reprodução

Flagrado ao estuprar uma paciente durante a cesárea, o médico Giovanni Quintella sedava as vítimas sem qualquer aviso. Ele usava Propofol e Ketamina, drogas que, a depender da dose, podem ser prejudiciais à mulher e ao bebê, segundo especialista.

“A Ketamina é um tipo de droga que pode trazer alucinações dependendo da dose. É uma droga pouco usada para cesárea justamente porque pode prejudicar e trazer alucinações, em alguns casos. Já o bebê, pode nascer sem as respostas adequadas, como aquele primeiro choro, por exemplo. Qualquer droga pode passar para o feto e trazer efeitos, que podem ser passageiros ou mais demorados”, explica o anestesista Luis Antônio Diego, diretor da defesa profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.

“Numa cesárea, a recomendação é não usar sedativos porque você está com dois pacientes, a mãe e a criança. O recomendado é evitar fazer isso, até porque tudo que passa para a mulher, passa para o bebê e pode acabar sendo prejudicial”.

Giovanni foi preso na madrugada da última segunda-feira (11/07), no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Ele foi flagrado em um vídeo colocando o pênis na boca de uma paciente. A vítima foi sedada por completo e estava no meio de uma cesárea, aguardando o nascimento de seu filho. O uso das drogas foi confirmado em depoimento pela equipe de enfermagem, que registrou a cena com um celular escondido.

O especialista explica que não é um procedimento comum usar sedativos durante o parto e, em casos emergenciais, caso haja necessidade, a paciente precisa ser comunicada. “A maioria dos partos no Brasil é feita com a raquianestesia, um bloqueio no neuroeixo, para anestesiar da região do abdômen até as pernas. O normal é não sedar, porque não há necessidade. Caso seja preciso por algum motivo, isso é conversado com a paciente. É um direito dela escolher fazer a sedação ou não. Somente em casos excepcionais que ela é usada, se porventura a raquiana não pegar na paciente, ou caso ela peça, por traumas, motivos pessoais ou caso comece a sentir dor, por outras complicações”, explica o médico.

A Delegacia da Mulher de São João de Meriti, que investiga o crime, constatou traços de anormalidade na sedação em todos os casos relatados até agora, o que pode levar o médico a responder por violência obstétrica. “Em todos os casos a sedação pareceu desnecessária, feita no final do procedimento. Há relatos de questionamentos a ele, mas sem explicação, já que a vítima não estava agitada e nem teve nenhuma intercorrência durante a cirurgia. Tudo indica que a sedação era feita para a prática de estupro” disse a delegada Barbara Lomba.

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