Após 25 anos de Congresso, Bolsonaro consegue aprovar 1ª emenda
Da bbc:
Jair Bolsonaro (PP-RJ) acaba de completar 25 anos ininterruptos como deputado federal em Brasília. O experiente parlamentar, na noite de terça-feira, comemorou pela primeira vez na vida a aprovação preliminar de uma proposta de emenda constitucional (PEC) de sua autoria.
“Já é muita coisa. Foi um gol aos 45 do segundo tempo”, argumenta o deputado, rindo, por telefone. Ele justifica a aparente baixa produtividade: “Mais importante que aprovar um projeto é evitar que um péssimo seja aprovado”.
“Sou completamente discriminado porque eu sou um homem de direita”, afirma. “Alguns projetos eu dou para (outro) deputado apresentar porque, se pintar meu nome, não vai para frente” – ele não informou quais teriam sido estes projetos.
Por 433 votos a favor e 7 contra, a Câmara dos Deputados aprovou ontem uma PEC que prevê emissão de “recibos” junto ao voto nas urnas eletrônicas.
Bolsonaro, autor do texto que precisa passar novamente pela Câmara e depois pelo Senado para ser promulgado, diz que a proposta permite que “qualquer presidente de partido” possa “requerer a recontagem manual” dos votos.
Após a confirmação do eleitor, o “recibo” seria impresso e iria direto para uma urna do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – segundo a proposta, o eleitor não voltaria para casa com nenhum papel. Forte oposicionista do governo, Bolsonaro diz que as urnas eletrônicas não oferecem segurança ou transparência para o eleitor.
“(Com a nova emenda) A chance de fraude é zero”, afirma.
Recordista de votos (464,5 mil) no Rio de Janeiro nas últimas eleições, Bolsonaro fala alto, não gosta de ser interrompido e recorre mais de uma vez a metáforas esportivas durante o bate-papo com a BBC Brasil.
“Tão importante quanto fazer uma cesta de três pontos é dar um toco lá atrás e evitar que o adversário faça uma cesta”, diz.
“Eu sou muito mais da defesa aqui do que do ataque. E sou temido.”
Ele ilustra a importância de sua atuação com a campanha que realizou contra a aprovação de um kit didático contra a homofobia que seria distribuído em 6 mil escolas de Ensino Médio, há quatro anos.
Após pressão de Bolsonaro – “católico fervoroso” – e da bancada evangélica, com quem costuma votar em bloco, a presidente Dilma Rousseff cedeu e vetou o programa que havia sido idealizado pelo Ministério da Educação.
“Eu segurei aqui na Câmara e consegui dar uma guinada pela não aprovação”, diz. “O kit gay é um material escolar homoafetivo, com crianças se beijando, estimulando crianças a serem homossexuais.”
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