Após legalização do aborto, Congresso argentino prioriza reforma judicial
Do Diálogos do Sul

Antes de saudar a chegada de 2021, é preciso contar que o ano 2020 na Argentina fechou com chave de ouro. Uma avalancha de prendas históricas para o povo argentino foram brindadas na última semana de 2020. O Senado votou: o aborto virou lei e medida de saúde pública. A Câmara de Deputados votou: uma nova fórmula de cálculo favorável aos aposentados à semelhança da era kirchnerista. A Prestação Básica Universal para os serviços de telefone móvel, fixo, internet e televisão por cabo chegou aos excluídos. Assim, não obstante a pandemia, o Congresso fecha o 2020 com 60 leis votadas, e o dobro de sessões congressuais realizadas em relação ao período de dois anos de Macri (2018-2019). E o que é histórico, e motivo de festa, sobretudo pela urgência sanitária, a chegada da vacina russa em território argentino, a Sputinik-V contra o Covid-19. (…)
É muito sintomático que no festejo final da maioria do povo argentino com conquistas tão importantes, às vésperas do ano novo, um juiz chamado Daniel Obligado, faz aparecer nas principais manchetes (Clarin/La Nación) a ordem de retorno à prisão do ex-vice-presidente de Cristina Kirchner, Amado Boudou, processado e em domiciliar desde o governo Macri, por incomprovados crimes de desvio. Como tantas vítimas do lawfare promovido pelos EUA na América Latina, Amado Boudou, tornou-se alvo de perseguição desde quando acabou com os interesses multimilionários da AFJP, empresa privatizante dos Fundos de aposentadoria, cúmplices dos grandes grupos midiáticos. A histeria destes, sobretudo do grupo Magneto do Clarin é enorme, porque outra medida dos últimos dias do governo em 2020, que os regula e golpeia, é a criação do PBU (Prestação Básica Universal) com preços acessíveis aos serviços de telefone móvel, fixo, internet e televisão por cabo, que beneficia os setores pobres da população, tão golpeados durante a Pandemia. (…)
O fato é que o poder midiático sustentado na Justiça é ainda real e o lawfare continua intocável. Foi o recado que esse poder vigente quis dar com a ordem de prisão de Amado Boudou. Diante disso, as mensagens das Cartas de Cristina Kirchner e a Declaração de fim de ano de Alberto Fernandez sobre a urgência de aprovar na Câmara de Deputados a Reforma Judicial enviada em julho ao Congresso, já aprovada em setembro no Senado, tem um relevo e são centrais para o início da gestão de 2021.