Artista plástico conhecido internacionalmente é alvo de racismo nas redes

O artista plástico Samuel de Sabóia, natural do Totó, um bairro periférico da Zona Oeste do Recife, é considerado um nome quente do mercado das artes no mundo, tendo realizado exposições em Nova York, Paris e outras capitais globais. Ele também chegou a aparecer em uma matéria no The New York Times em 2019. No Brasil, no entanto, o jovem de 22 anos está sendo alvo de comentários ofensivos nas redes sociais. O episódio começou quando o humorista Leo Lins, que integra o elenco do programa The Noite, no SBT, realizou uma publicação nesta quarta-feira (22), fazendo uma piada em cima de uma notícia sobre o pernambucano no jornal Folha de S. Paulo.
“Com 5 anos eu poderia estar expondo meus desenhos em NY, mas minha mãe me incentivou a melhorar”, escreveu o ator. A piada, por sua vez, desencadeou uma série de comentários que não apenas desprezam o trabalho artístico de Sabóia, como também buscam atingi-lo por atributos físicos.
“E ainda foi de pijama, sem pentear o cabelo lazarento”, publicou o lutador do UFC Paulo Costa, se referindo ao cabelo crespo do jovem. “Provando que existe coisa mais feia que a violência no Brasil”, escreveu Bene Barbosa, escritor e especialista em segurança pública. “Será que alguém compra? Se compra, com certeza é só para ajudar mesmo”, comentou o advogado e humorista Jonathan Nemer. “Novo Basquiat????”, questionou o humorista Evandro Sandro, sobre a comparação feita entre o pernambucano e o pintor estadunidense.
“Eu acho que ele desenhou no momento que estava correndo da polícia”, comentou um anônimo. “Esse lixo é arte? Não do valor nenhum por arte abstrata” e “Você não entendeu. Ele desenha enquanto apanha…” são algumas outras reações à piada. Na página Ódio do Bem no Instagram (@odiodobem), onde a notícia também foi publicada, um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de Pernambuco comentou: “Ele desenhou enquanto estava sendo espancado. É a única explicação”, escreveu Diego Acioli. Os comentários foram alvo de críticas na própria página de Leo Lins, e também em publicações no Twitter, que apontam racismo e ignorância. (…)