Apoie o DCM

As diferenças entre os separatistas da Catalunha e os do Sul do Brasil

Arte dos separatistas do Sul

A BBC fez uma grande reportagem para explicar as diferenças entre os separatistas da Catalunha e os do Sul do Brasil. Leia um trecho:

A participação modesta do separatismo sulista é considerada uma das principais diferenças entre os dois movimentos, segundo especialistas.

“Não consigo ver um movimento sério com menos de 2% dos eleitores participando, na Catalunha foi 43%”, diz Luis Augusto Farinatti, professor de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) especializado em fronteira sul do Brasil.

“Não vejo esse sentimento separatista difundido, sério, engajado no Sul como o da Catalunha, que vem há muito tempo, foi alimentado pelo regime franquista e agora estourou. Aqui, a reativação do separatismo é um reflexo de movimentos mundiais, mas é um pálido reflexo”, explica.

“O movimento do sul do Brasil ainda é muito fraco, quase simbólico e anedótico, com uma participação de 300 e poucos mil sulistas em uma população estimada de 30 milhões, tem muito pouco impacto”, diz Paulo Velasco, professor de Política Internacional na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Celso Deucher, um dos fundadores do Sul é Meu País, defende a validade do Plebisul e diz que a menor participação em relação a 2016 se deve ao fato de que neste ano foi pedido que os participantes assinassem um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) para propor um plebiscito consultivo junto às eleições de 2018 sobre o tema “independência do Sul”. “Acreditamos que a população do sul de fato apoia a proposta”, disse à BBC Brasil.

(…)

Em um artigo publicado no The International Journal of Human Rights sobre os aspectos legais e econômicos dos movimentos separatistas do sul e do sudeste do Brasil, Alexandre Andrade Sampaio, advogado mestre em Sociologia de Direitos Humanos pela London School of Economics (LSE) afirmou que as pessoas dessas regiões não podem ser consideradas povos e, portanto, não teriam legitimidade para exigir a separação.

“O direito internacional, segundo nossa interpretação [dele e do coautor do estudo Luís Renato Vedovato], reserva o direito de autodeterminação para povos. Não estou dizendo que não existam povos no sul, mas a argumentação de que existe um povo uníssono é falha”, disse à BBC.

Os líderes desses movimentos separatistas são descendentes de imigrantes que chegaram ao Brasil há pouco mais de 100 anos e, na prática, querem um território exclusivamente deles.

A Catalunha, por exemplo, tem uma história muito diferente, com língua própria, que começou antes do surgimento do que hoje se conhece por Espanha.