Associação defende juiz que disse que vivemos numa “merdocracia neoliberal neofascista”

Da Veja:
A Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), principal entidade da classe, saiu em defesa do juiz Jeronimo Azambuja Franco Neto, da 18ª Vara do Trabalho de São Paulo, que usou termos chulos para criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro, em uma sentença publicada na semana passada. O magistrado se referiu ao atual momento político do país como “merdocracia neoliberal neofascista”.
A presidente da Anamatra, Noemia Porto, avaliou que não é possível “julgar o julgamento” de Franco Neto, e que a entidade dará amplo poder de defesa, em caso de uma representação contra o magistrado por parte da Advocacia-Geral da União (AGU). “Defenderemos o direito de Franco Neto ao contraditório, em qualquer procedimento disciplinar”, afirmou.
Na sentença publicada na última quinta-feira 16, Franco Neto escreveu: “A merdocracia neoliberal neofascista está aí para quem quiser ou puder ver”. E acrescentou: “Creio que as palavras supra bem elucidam o que denomino merdocracia, isso mesmo, o poder às merdas. (…) No aspecto do trabalho, são também exemplos da proliferação neofascista a cadavérica Reforma Trabalhista. (…) E aqui nem preciso lembrar as múltiplas medidas provisórias, melhor designadas de merdas progressivas oriundas do Presidente da República”.
Os ataques foram feitos na decisão que condenou um restaurante, o Recanto da XV, a pagar 13.000 reais por danos morais ao coletivo de trabalhadores que entrou com uma ação alegando não estar recebendo regularmente direitos básicos previstos em lei. Além do ressarcimento, o juiz exige a comprovação do piso salarial para funcionários, seguro de vida, de acidentes, e assistência funerária. Cabe recurso à decisão, favorável ao Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de São Paulo.
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