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Ataques de Bolsonaro ao Congresso elevam instabilidade no mercado, diz economista

Da Folha

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A economista Zeina Latif afirma que a desarticulação política e a paralisação da agenda econômica no Brasil são fatores que contribuem para que o país sofra mais com os efeitos da crise global do coronavírus nos mercados financeiros.

Para ela, um crescimento maior da economia neste ano será garantido pela queda recente dos juros, mas sem a aprovação de reformas que ajudem na retomada do investimento, poderá haver nova perda de fôlego do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021. (…)

O movimento da Bolsa e do dólar nesta quarta é algo que terminou ou pode continuar nos próximos dias? O movimento foi forte, porque acumulou todo o ajuste que já estava vindo do exterior, mas, lamentavelmente, não dá para dizer que o pior já passou. Pode ser que a gente tenha um respiro, mas não ousaria dizer que o ajuste se concluiu. Ainda tem muita incerteza em relação ao cenário lá fora. Mesmo com os números na China indicando que o ritmo de pessoas infectadas e de mortos está perdendo força, o fato é que está espalhando para o mundo. Não dá para descartar uma escalada das más notícias sobre o coronavírus.

Há outros fatores afetando o mercado no Brasil, além da questão do vírus? Considerando que o país está mais protegido da contaminação, por ser um país tropical, não estar tão integrado no fluxo global, a gente imaginaria que seria menos impactado. E não é o que está acontecendo. É inevitável a conclusão de que fatores domésticos estão aumentando esse efeito.

A gente já vinha tendo um certo mal-estar nos mercados, com os números mais frágeis da economia, questionamentos em relação à agenda econômica, desgaste do ministro Paulo Guedes [Economia], ruídos causados pelo presidente e seu entorno, ataques ao Congresso. Tudo isso é má notícia para a agenda econômica e para as perspectivas de crescimento. Os preços de ativos podem estar sendo impactados também. (…)