Até Elio Gaspari diz que Lava Jato “morreu sem choro nem vela”

Da Coluna de Elio Gaspari na Folha de S.Paulo.
Acabou-se a força-tarefa de Curitiba que durante sete anos mostrou ao país o maior esquema de corrupção de sua história. Morreu sem choro nem vela. Empreiteiros corruptos e onipotentes foram para a cadeia, suas empresas encolheram, milhares de empregos sumiram e nenhum deles ficou pobre.
O juiz Sergio Moro tornou-se uma celebridade nacional, mumificou-se indo para o ministério de Bolsonaro e de lá para a humilhação pública. Alguns procuradores lambuzaram-se com a fama. Ninguém saiu da Lava Jato como entrou e ninguém saiu bem dela.
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A Lava Jato prendeu um ex-presidente da República e destruiu a máquina do comissariado petista que havia se associado a caciques do centrão. Em 2004, antes que a Lava Jato surgisse, o juiz Sergio Moro escreveu um artigo louvando a campanha de combate à corrupção que deslegitimou o sistema partidário da Itália.
Com a fama que conquistou, aninhou-se num governo, que prometia uma “nova política”. Podia-se fazer tudo pelo juiz de Curitiba, menos o papel de bobo. Enquanto ele dava esse salto, seus colaboradores concebiam uma fundação bilionária. A “nova política” tornou-se o novo nome do centrão, com suas obras e suas pompas.
Numa trapaça da história, a Lava Jato de Curitiba morreu nos mesmos dias em que voltam a ser conhecidas, com mais detalhes, as conversas promíscuas e primitivas que tinham em suas redes. (Eles continuam dizendo que os diálogos são “supostos”. Supostas foram as falas messiânicas com que embrulhavam o devido processo legal).
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