Atila Iamarino diz que governo Bolsonaro apostou em “estratégia genocida” no combate à Covid-19

Em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta terça-feira (2), o biólogo Atila Iamarino condena a política de Jair Bolsonaro para conter o avanço da pandemia. Segundo ele, a variante do coronavírus que se originou no Brasil é “fruto direto da estratégia genocida” do governo.
Leia um trecho abaixo:
BBC News Brasil – O Brasil parece viver o pior momento da pandemia, tendo registrado um recorde na média móvel de mortes. A que se deve isso?
Atila Iamarino – Sabemos que há um componente sazonal no novo coronavírus, com mais casos no inverno do que no verão. Portanto, o Brasil está muito adiantado no aumento de casos — isso só deveria estar acontecendo daqui a alguns meses. Mas por que os casos estão subindo tão cedo e tão rápido?
A resposta se deve a uma combinação de fatores. De um lado, houve um movimento de abertura no fim do ano passado, com mais pessoas circulando sem restrições. De outro — e que considero o principal fator — temos a variante P.1, inicialmente observada em Manaus.
Estudos recentes apontam que se trata de uma cepa mais transmissível e que “dribla” o sistema imunológico, reinfectando quem já se curou.
Quando falamos de vírus, é natural que eles sofram mutações e se tornem mais transmissíveis. O que não precisa ser um processo natural é termos linhagens que escapam da imunidade. Essas linhagens só serão selecionadas quando o vírus continua circulando na presença de pessoas que já tiveram o vírus.
Foi o que aconteceu no Brasil e na África do Sul.
Nesse sentido, a nossa variante é fruto direto da estratégia genocida do Brasil de contar com as pessoas circulando livremente e construindo imunidade. Não é por acaso que surgiu aqui uma das variantes mais perigosas, demonstradamente perigosa. (…)