Auditor da Receita preso por extorsão é o mesmo que fez devassa no Instituto Lula e foi denunciado por supostos abusos

O Instituto Lula divulgou nota sobre a prisão do fiscal da Receita Federal Marco Aurélio da Silva Canal, que segundo a PF era líder de uma quadrilha de funcionários do órgão que fazia extorsões milionárias de alvos da Lava Jato. Canal era o elo entre a Receita e a turma de Deltan Dallagnol. Ele era supervisor da Equipe de Programação da Operação Lava Jato. Ele também fez uma devassa na entidade que leva o nome do ex-presidente da república. Segue a nota divulgada pelo instituto:
Entre outubro de 2015 e abril de 2018, as contas do Instituto Lula foram alvo de uma minuciosa devassa chefiada por Marco Aurélio. Desde o início, o Instituto denunciou o uso político da investigação. Em nota oficial publicada em 20 de agosto de 2016, denunciamos o vazamento de dados e decisões da auditoria à imprensa antes mesmo que o Instituto tomasse conhecimento. Ao mesmo tempo, sempre colaboramos com as investigações, cientes de que não temos nada a esconder.
No entanto, após essa devassa, os auditores disseram ter encontrado “desvio de finalidade” em valores que somam cerca de R$ 365 mil em x anos. Entre os “desvios” estavam, por exemplo, o pagamento da passagem de R$ 936 para um segurança que acompanhou o ex-presidente no velório do vice-presidente José Alencar. Para os auditores, foi uma despesa “que diz respeito exclusivamente ao interesse particular do ex-presidente”. Também foi considerado desvio o pagamento do intérprete que acompanhou Lula quando o ex-presidente recebeu prêmio de doutor honoris-causa na Bolívia. O Instituto tem a obrigação estatutária de preservar e defender o legado do ex-presidente Lula.
Como resultado, a auditoria convocada pelo fiscal preso hoje resultou numa multa impagável de mais de R$ 18 milhões, valor quase 50 vezes maior do que o valor que os próprios auditores consideraram desalinhado ao propósito do Instituto. Mais do que isso, a auditoria rendeu diversos vazamentos e matérias na imprensa, que serviram para alimentar a investida política e judicial contra o ex-presidente e o projeto de país que tem nele seu maior símbolo.