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Autores de extrema-direita são incluídos em currículo de escolas estaduais de MG

O escritor Fredéric Bastiat

Da Folha:

Pensadores liberais, que defendem a primazia do indivíduo e são céticos quanto ao coletivismo e à intervenção estatal, foram incluídos no currículo de escolas estaduais de Minas Gerais neste período de pandemia. A decisão foi adotada pelo governo de Romeu Zema, pertencente ao Novo, um partido de orientação liberal. Cerca de 382 mil alunos do ensino médio estão tendo contato com autores que raramente aparecem na sala de aula, no que está sendo considerado um marco por entusiastas do liberalismo no Brasil.

“O ensino público no Brasil, e em Minas não é diferente, sempre foi uma escolinha de marxismo, feita para formar mini-Marx”, diz Luiz Orione, professor da rede estadual de filosofia em Minas Gerais e um dos autores da iniciativa. Liberal, ele levou a ideia de incluir autores desse vertente ideológica à Secretaria de Educação no começo da pandemia.

Com as aulas presenciais suspensas, o governo de Minas elaborou apostilas digitais para o ensino à distância, em diversas disciplinas. Na área de filosofia, houve uma consulta a diversos professores, e daí veio a ideia de contemplar o pensamento liberal. “O próprio conceito de filosofia prevê a ideia do contraditório. Não queremos substituir um monopólio por outro. Vamos ter autores estatistas e socialistas, mas vamos dar também a outra visão”, afirma Orione.

Os primeiros dois autores incluídos no currículo foram Ayn Rand, para o segundo ano do ensino médio, e Frédéric Bastiat para o terceiro.(…) Os autores liberais são apresentados no material em contraposição a pensadores mais identificados com as ideias de esquerda. No caso de Rand, ao filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-80), conhecido como pai do existencialismo. Já Bastiat é apresentado como alternativa ao britânico Thomas Hobbes (1588-1679), teórico do Estado forte, o Leviatã.

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