Ave extinta há 125 anos reaparece misteriosamente e volta a se reproduzir

O tacaé-do-sul, ave nativa da Nova Zelândia dada como extinta por mais de um século, voltou à natureza após décadas de esforços de conservação. Em agosto, 18 indivíduos foram soltos no Vale de Greenstone, na Ilha Sul, elevando a população total a cerca de 500 exemplares. A espécie é considerada sagrada pelo povo indígena Ngāi Tahu, que atua junto a cientistas no processo de recuperação.
A ave havia sido redescoberta em 1948, nas montanhas de Murchison, após 125 anos sem registros. Desde então, o programa Takahē Recovery, em parceria com comunidades locais, investiu em reprodução em cativeiro, criação de santuários e controle rigoroso de predadores, como furões e gatos selvagens. Essa estratégia garantiu as condições para que o repovoamento fosse possível.
O tacaé-do-sul não voa, por causa das asas curtas, e constrói ninhos no solo, o que o torna vulnerável a ataques. Por isso, além da reprodução assistida, o governo da Nova Zelândia adotou a translocação entre ilhas e programas de monitoramento. Hoje, especialistas consideram a reintrodução uma das mais bem-sucedidas já realizadas no país.
Além da importância ecológica, o retorno da espécie tem valor cultural profundo. Para os maoris, suas penas azul-esverdeadas são um “taonga”, termo que significa tesouro. O repovoamento simboliza também a restauração de vínculos ancestrais entre o povo Ngāi Tahu e seu território, devolvendo uma espécie que habita a região desde o período Pleistoceno.