Baixa adesão põe em dúvida real retomada dos protestos anti-Copa
Os protestos de quinta-feira (15/05) prometiam marcar a retomada da grande mobilização anti-Copa nas ruas, a menos de um mês do pontapé inicial do Mundial. Apesar dos protestos em diversas cidades do país, a adesão ficou aquém da esperada – em comparação às grandes manifestações realizadas durante a Copa das Confederações e que levaram milhões de brasileiros às ruas.
Batizados de “Manifestação das Manifestações”, em alusão ao bordão “Copa das Copas” utilizado pela presidente Dilma Rousseff, eles haviam sido convocados pelos Comitês Populares da Copa espalhados pelo país e havia a expectativa de que tivessem a adesão em peso de dezenas de grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e movimentos estudantis.
Mas, ao fim, houve baixa adesão ao movimento “15M – Manifestação contra as injustiças da Copa”, que pretendia realizar mobilizações em mais de 50 cidades no Brasil e no exterior. Ao longo da quinta-feira, somados todos os estados onde houve protestos, apenas cerca de 20 mil pessoas foram às ruas – o que incluiu motivações diversas, como reivindicações por melhores salários por parte de professores.
Em comparação ao ano passado, nos protestos de quinta-feira não houve participação em massa da classe média. Nas mobilizações do “15M”, a dianteira foi tomada pelos sindicatos e movimentos populares – que têm um grau de politização maior do que grande parte dos participantes dos protestos realizados no período da Copa das Confederações.
“A dinâmica e o público mudaram completamente. A violência no ano passado afastou a classe média e movimentos menos vinculados a grupos políticos. E, agora, está se repetindo essa dinâmica”, diz o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp. “Geralmente a população é recrutada em ciclos bem intensos de protestos. Depois, só ficam os grupos organizados, e é o que está acontecendo.”
Costa explica, ainda, que manifestantes da população em geral têm um fôlego mais curto e não conseguem manter um pique de mobilização durante tanto tempo. E, portanto, era natural que eles saíssem mais rápido da rua porque o ciclo se esgota mais facilmente. Enquanto isso, os grupos de interesses organizados se mantêm indefinidamente.
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