“Bati na trave”: A reação do brasileiro que criou teoria base para ganhadores do Nobel de física

“Bati na trave.” Foi assim que o físico brasileiro Amir Caldeira reagiu ao saber que sua teoria, criada há mais de 40 anos, serviu de base para o Nobel de Física de 2025. Embora não tenha sido premiado, o cientista da Unicamp teve seu nome citado nos estudos que levaram John Clarke, Michel H. Devoret e John M. Martinis à conquista. “Bati na trave, mas esse é um reconhecimento enorme para a ciência brasileira. (…) Quem sabe vem depois disso um gol?”, afirmou.
Em 1981, Caldeira desenvolveu um modelo teórico para explicar como o ambiente influencia o comportamento quântico de sistemas físicos. Sua pesquisa mostrou que, ao interagir com o meio externo, um sistema quântico pode perder suas propriedades e agir como no mundo “normal”. Décadas depois, o trabalho dos ganhadores comprovou experimentalmente a teoria do brasileiro, abrindo caminho para avanços como a computação quântica. “Recebi com surpresa. Claro que seria melhor ganhar um prêmio, mas só esse reconhecimento já é ótimo. Dá orgulho e você se sente recompensado”, disse o físico.
Aos 75 anos, Amir Caldeira é professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e referência mundial na área de decoerência quântica, com mais de cinco mil citações em pesquisas científicas. Ele defende que a menção ao seu trabalho sirva de incentivo à ciência nacional. “Temos competência, temos pessoas excelentes. O que precisamos é de investimento para que a ciência seja desenvolvida no país”, ressaltou.