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Bernardo Mello Franco: Bolsonaro se espelha em Fujimori, não Maduro

Jair Bolsonaro e Alberto Fujimori. Foto: Wikimedia Commons

Da Coluna de Bernardo Mello Franco no Globo.

A escalada autoritária do governo tem estimulado comparações entre Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro. É um situação curiosa, porque o capitão passou toda a campanha atacando o regime chavista. Mas ele não parece se inspirar na Venezuela, e sim no Peru de Alberto Fujimori.

Em 1990, o escritor Mario Vargas Llosa entrou na sucessão peruana como favorito. Foi atropelado pelo azarão Fujimori, que seduziu o eleitorado com a imagem de homem simples e a promessa de combater a violência e a corrupção.

O novo presidente assumiu sem maioria no Congresso, onde passou a sofrer sucessivas derrotas. Acuado, cercou-se de militares e iniciou uma ofensiva contra o Legislativo. Em abril de 1992, deu um autogolpe e passou a governar com plenos poderes.

Fujimori fechou o Congresso e ordenou a prisão dos presidentes da Câmara e do Senado. Ao justificar as medidas, acusou os parlamentares de sabotarem os interesses da nação e do “cidadão comum”.

O autogolpe instaurou um regime autoritário, que perseguiu opositores, censurou a imprensa e conduziu o Peru ao isolamento internacional. No ano seguinte, um deputado brasileiro saiu em defesa do ditador. “A fujimorização é a saída para o Brasil”, afirmou Bolsonaro ao “New York Times”.

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