Bolsonarista Gloria Perez culpa “censura moral” por fracasso de suas novelas

A novelista Gloria Perez, apoiadora declarada de Jair Bolsonaro, atribuiu o fracasso de suas produções recentes, como “Travessia”, a uma suposta “censura moral” que, segundo ela, seria “pior que a da ditadura militar”. Para a autora, o “politicamente correto” e a “cultura woke” estariam sufocando a criatividade e impedindo que tramas com conflitos intensos sejam produzidas.
Perez afirma à Folha de S.Paulo que novelas como “O Clone” e “Caminho das Índias” não seriam aprovadas hoje. Ao mesmo tempo, rejeita as críticas de que teria retratado culturas estrangeiras de forma estereotipada, argumentando que o público desses países aprovou suas obras.
A autora diz ter deixado a Globo após a emissora vetar “Rosa dos Ventos”, projeto que abordaria o aborto, alegando que seu estilo sempre foi tratar de temas delicados. No entanto, ela também responsabiliza fatores internos pelo fracasso de “Travessia”, declarando que a novela foi “implodida por dentro” e que não aprovou a escalação de Jade Picon, feita pela direção da emissora.
Perez compara a censura da ditadura, concentrada em órgãos oficiais, à pressão atual das redes sociais, que, segundo ela, transformam cada usuário em uma espécie de censor. Enquanto atribui à “cultura woke” a crise das novelas, críticos apontam que problemas de roteiro e narrativa também têm afastado o público.