Bolsonaro “acreditava sinceramente” que cloroquina curava Covid, diz vice-PGR

Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “acreditava sinceramente” que os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina poderiam curar os sintomas de Covid.
De acordo com ela, o ex-capitão não agiu para “apregoar cura infalível sabidamente ineficaz”. Além disso, a procuradora ressaltou que mesmo o presidente ter segurado uma embalagem de cloroquina em uma aparição pública não constitui, por si só, prova do crime de charlatanismo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu os argumentos apresentados pela procuradora. O intuito é pedir o arquivamento da investigação sobre esse suposto crime. A apuração em questão foi aberta a pedido da CPI da Covid, que já foi encerrada em outubro de 2021.
A número 2 da PGR fez questão de destacar que Bolsonaro já havia alertado, naquele momento, para a falta de comprovação científica no uso desses medicamentos.
“O que se extrai é que, embora o presidente da República Jair Messias Bolsonaro tenha reconhecido que, à época, não existiam estudos sólidos acerca da infalibidade da cloroquina e da hidroxicloroquina para fins de tratamento do vírus SARS-COV-2, é certo que ele acreditava sinceramente que o uso desses fármacos auxiliaria no combate à doença, estando em curso vários estudos para a confirmação dessa eficácia, já à época defendida por inúmeros profissionais da área médica”, escreveu.
Lindôra afirma que, quando teve Covid, Bolsonaro disse ter usado cloroquina como parte do tratamento. Para ela, a atitude mostrava que o presidente confiava na eficácia do produto.
A vice-procuradora-geral ainda defende, que para caracterizar o crime de charlatanismo seria necessária “a efetiva inculcação ou anúncio de cura por meio secreto ou infalível (elementares do tipo), com a consciência da inverdade do que se apregoa”, afirmou.