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Bolsonaro diz que Jesus usaria arma de fogo “se tivesse”

Reportagem de Hudson Corrêa, Júlia Amin, Polyanna Brêtas e Guilherme Evelin no Globo informa que o deputado e candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) explicou neste sábado o que ele quis dizer com a frase “Leia o Livro de Paulo”, que pronunciou no final do embate com Marina Silva (Rede) sobre direitos das mulheres e violência, no debate da RedeTV.

“Paulo fala: venda suas capas e compre espadas. Está na Bíblia”, afirmou ele, que disse não se lembrar do capítulo onde estaria a passagem. “A Bíblia é nossa caixa de ferramenta. Quando ela (Marina) disse que eu estava errado em falar em armamento, na Bíblia tem essa passagem”, continuou Bolsonaro, que participou, neste sábado, da formação de catetes na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, a 170 km do Rio de Janeiro. “É que naquele tempo (da Bíblia) não tinha arma de fogo, se não com toda certeza seria ponto 50 e fuzil”, completou o candidato do PSL, segundo a publicação

Na verdade, a passagem mencionada por Bolsonaro não é das Cartas de Paulo aos Coríntios, mas do Evangelho de Lucas, capítulo 22, versículo 36. No trecho, que narra uma conversa entre Jesus Cristo e seus discípulos depois da Última Ceia, Cristo diz a seus apóstolos: “Agora, porém, o que tem bolsa tome-a, como também o alforge; e o que não tem dinheiro, venda a sua capa e compre espada”. Num segundo momento no evento de formatura, O Globo informou a Bolsonaro que não foi Paulo, mas Lucas quem fez a citação. “Eu não lembro qual livro. Jesus Cristo não foi totalmente passivo. Expulsou os vendilhões do templo. Se tivesse arma de fogo, seria usada”, disse.

Doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Gregoriana em Roma, Waldecir Gonzaga chama atenção para o fato de que, no mesmo capítulo, mas no versículo 51, o apóstolo Pedro fere, com uma espada, a orelha de um soldado. Jesus, então, coloca a mão na orelha do soldado, cura o ferimento e proíbe o uso da violência pelos apóstolos, complementa o Jornal O Globo.

Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/YouTube