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Bolsonaro é um problema de saúde pública e precisa ser afastado, defende colunista da Folha

Presidente Jair Bolsonaro Foto: SERGIO LIMA / AFP

Da coluna de Mario Sergio Conti na Folha:

Ele não tem jeito. A ignorância vaidosa, o gosto pelo sórdido e o exibicionismo bufo estão entranhados de tal modo na personalidade que lhe impedem mudanças racionais. É impermeável ao diálogo franco, a estudar e aprender, porque se orgulha de sua mente miúda e alma perversa.

Bolsonaro não tem princípios. Largou o catolicismo e virou evangélico. Abandonou o nacionalismo corporativista e se tornou sabujo de Trump. Trocou de religião e política como quem troca de sapatos porque é oportunista. Ou melhor, o presidente tem um único princípio.

A saber: quer ficar no Planalto indefinidamente, cada vez com mais poder. Para tanto, dedica-se a jogar uns políticos contra os outros. A provocar cizânia e estupor. A cativar sua freguesia fanática. Agora, a coisa mudou de figura. Há uma pandemia prestes a matar milhares de pessoas —nossos colegas, amigos, familiares. Ela acerta em cheio um Brasil frágil. A cada dia que passa, o medo aumenta. É preciso se isolar, milhões perderão o emprego, o amanhã será tétrico.(…)

Era o que faltava. Não bastasse o novo coronavírus, temos um presidente que não é só um empecilho ao enfrentamento de problemas extraordinários. É um flagelo. Suas agressões são um incentivo ao desânimo, à raiva, ao caos. Por isso, uma conclusão vem se espalhando: Bolsonaro tem que ser tirado do Planalto. Com urgência porque ele é um problema de saúde pública. Isso é fácil de falar e difícil de fazer.

(…)