Bolsonaro fez acordo com Globo para não ser enquadrado sobre corrupção no JN

Os conselheiros de campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL) o convenceram a ir ao Jornal Nacional, noticiário de maior audiência da televisão brasileira. Mesmo tendo aceitado, Bolsonaro impôs uma condição para ser entrevistado pelo telejornal da Globo.
Poderiam lhe perguntar tudo o que quisessem e ele responderia – mortos pela pandemia da Covid-19, desmatamento da Amazônia, corrupção no governo, urnas eletrônicas, fake news, ataques a ministro do Supremo Tribunal Federal, e até golpe.
Mas sobre um assunto ele não admitiria perguntas: envolvimento dos seus filhos e da sua mulher em supostos casos de corrupção. Nada de Fabrício Queiroz, rachadinha, mansão milionária de Flávio em Brasília, depósitos na conta de Michelle e afins.
Condição imposta, condição aceita. De todo modo, Bolsonaro compareceu à sabatina com quatro tópicos escritos na palma de uma das mãos: “Nicarágua”, “Argentina”, “Colômbia” e “Dario Messer”. Os três primeiros tinham a ver com o PT. Era para que ele se lembrasse de acusar Lula de estreitas ligações com os governos de esquerda daqueles países.
No espaço reservado à “Venezuela”, ele preferiu escrever “Dario Messer”, também conhecido como “O Rei dos Doleiros”, preso, condenado e depois solto. O nome dele serviria de advertência aos entrevistadores e à própria Globo. Em sua delação premiada, sem apresentar provas, Messer disse que foi doleiro dos irmãos Marinho, donos das Organizações Globo. Ao mesmo tempo, reconheceu que nunca os encontrou. A Globo desmentiu-o em nota oficial. O assunto foi esquecido, mas não por Bolsonaro.