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Bolsonaro joga recontratação de Santini na conta de Onyx Lorenzoni

Vicente Santini e Onyx Lorenzoni Foto: Reprodução/Crusoé

De Vera Magalhães no site BRPolítico.

O episódio da demissão, recontratação e nova exoneração de Vicente Santini na Casa Civil expõe muitos dos vícios recorrentes do governo Jair Bolsonaro: patrimonialismo, incoerência com o discurso de campanha, a intromissão dos filhos do presidente em assuntos de Estado e, principalmente, a maneira sem cerimônia com que Bolsonaro rifa aliados fiéis para salvar a própria pele junto ao eleitorado. O que o presidente faz com o titular da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se inscreve no último item da lista.

Bolsonaro tentou a sorte e recontratou o amigo da família, que havia submetido a uma humilhação pública, num cargo de pouca visibilidade e salário só ligeiramente menor na mesma Casa Civil. Achou que a manobra passaria abaixo do radar. Mas a imprensa, sempre ela, revelou o absurdo da recontratação um dia depois.

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Além disso, como Marcelo de Moraes lembrou desde o início da tarde de quarta-feira no nosso podcast BR Político Chama, mesmo antes da bizarra recontratação, a família Santini é amiga de longa data e aliada política dos Bolsonaro. O irmão de Vicente, o Tenente Santini, é vereador em Campinas e será candidato a prefeito da cidade em outubro pela Aliança pelo Brasil. Além disso, a família tem uma empresa que cuida da segurança de integrantes da família Bolsonaro há anos. Tudo em família.

Portanto, é impossível querer transferir a responsabilidade pelo episódio para Onyx, como faz Bolsonaro ao anunciar a nova demissão e, no mesmo tuíte, determinar um castigo para o titular da Casa Civil, tirando de sua responsabilidade o PPI, o plano de concessões e investimentos do governo. Lembrando que o próprio PPI já era um prêmio de consolação a Onyx por ter perdido a articulação política.

O ministro da Casa Civil vai assumir a culpa pelo episódio sozinho? A crônica do governo tem sido pródiga em assessores que aceitam se humilhar para não desagradar o “capitão”. Onyx foi o primeiro ministro anunciado por Bolsonaro, pela sua lealdade e pelo fato de ter sido o primeiro deputado a desafiar a orientação do próprio partido, o DEM, para apoiar o “capitão”. Aos poucos foi perdendo espaço junto ao presidente e, agora, cavava uma transferência para o MEC, pasta com mais recursos e visibilidade que a esvaziada Casa Civil.

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