Bolsonaro manteve a retórica fascistóide e termina 2020 no colo do Centrão

Da BBC:
Eleito com uma agenda econômica liberal e um discurso crítico ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro chega à metade do seu mandato metamorfoseado: em dois anos, pouco entregou das promessas de privatização e redução do Estado e, a partir de meados de 2020, sua gestão passou a buscar uma aliança com políticos do Centrão e com a ala mais garantista (menos punitivista) do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para analistas ouvidos pela BBC News Brasil, a mudança de postura do presidente na relação com Supremo e Congresso reflete um maior pragmatismo do presidente, conforme aumentaram os obstáculos no seu caminho, como as investigações criminais contra seus filhos e o risco de sofrer um processo de impeachment.
Mas isso não significou um abandono total da retórica radical bolsonarista, ressalta o cientista político Rafael Cortez, da Consultoria Tendências: com a pandemia de coronavírus, o presidente intensificou sua disputa com os governadores, em especial o paulista, João Doria, visto como um provável adversário na eleição presidencial de 2022.
Outro impacto da pandemia foi uma forte expansão dos gastos públicos, na contramão da agenda de austeridade do ministro da Economia, Paulo Guedes. Para os analistas ouvidos, porém, a falta de avanços na prometida agenda liberal reflete mais a ausência de compromisso de Bolsonaro com essas propostas.
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