Bolsonaro usou mais de 80 camisetas de futebol para se autopromover

O uso do futebol como instrumento de populismo político não é novo no Brasil, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o levou a outra roupagem. Literalmente. Desde a campanha à Presidência da República, Bolsonaro fez aparições públicas com camisas de 81 clubes diferentes.
O levantamento de uniformes de times usados por Bolsonaro foi feito por Victor de Leonardo Figols, doutorando em História na Universidade Federal do Paraná e editor do Ludopédio, site de produção científica sobre futebol. O caso mais emblemático foi quando presidente, que afirma ser torcedor do Palmeiras —ele até levantou a taça no Allianz Parque quando o clube ganhou o Brasileirão de 2018— , vestiu camisa do arquirrival Corinthians presenteada por Marcelinho Carioca.
O motivo para essa “infidelidade clubística”, segundo especialistas ouvidos pelo UOL Esporte, é se promover politicamente. O antropólogo João Paulo Florenzano, da PUC-SP, diz que a tática se aproxima da usada pelo general Emílio Garrastazu Médici, que presidiu o Brasil entre 1969 e 1974, no período mais duro da ditadura militar, e costumava comparecer a jogos em estádios para adquirir popularidade entre os torcedores de futebol.
Florenzano afirma que Médici comparecia regularmente aos jogos no Maracanã, Beira-Rio, Fonte Nova ou Morumbi. Dizia-se torcedor do Grêmio, como Bolsonaro fala do amor pelo Palmeiras, mas prestigiava vários clubes, de preferência os assim chamados “times do povo”.
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