Bolsonaro vai por Aras no encalço de Lira para controlar o aliado e novo presidente da Câmara
Do Estadão

O presidente Jair Bolsonaro abriu o cofre do governo e disponibilizou cargos estratégicos para eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Agora, o Palácio do Planalto precisará cumprir as promessas e saciar o apetite fisiológico dos partidos do Centrão para manter a aliança. Ao mesmo tempo, ele tem uma carta na manga na eventualidade de o aliado endurecer e ameaçar rompimento, observam interlocutores. A sintonia com o procurador-geral, Augusto Aras, pode lhe servir de escudo ao menos quanto a pressões fortes por parte do Legislativo. Num improvável sistema de freios e contrapesos, Lira vive também sob ameaça do Ministério Público Federal.
Bolsonaro não desconhece a ficha corrida do aliado. Lira é condenado em duas ações civis de improbidade administrativa, no âmbito da Operação Taturana, que investigou um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa de Alagoas quando ele era deputado estadual. Ainda responde a duas ações penais no Supremo Tribunal Federal, da Lava Jato — por corrupção e por associação criminosa.
No entanto, a situação poderia estar pior. Em junho, uma nova denúncia criminal da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Lira foi apresentada. Na época, interlocutores de Aras mencionaram a acusação como um exemplo de que o procurador não privilegiaria aliados do governo Bolsonaro. Três meses, depois, porém, a denúncia foi retirada, em uma movimentação atípica da Procuradoria. A mesma representante da PGR que assinou a acusação — a subprocuradora-geral Lindora Araújo, braço-direito de Aras na seara criminal — apresentou o pedido de arquivamento. Ela alegou fragilidade probatória. (…)