Brasil reivindica ilha submersa do tamanho da Espanha com minérios estratégicos

O Brasil reivindica junto à ONU, desde 2018, uma área submersa no Oceano Atlântico do tamanho da Espanha conhecida como Elevação do Rio Grande. A formação, situada a cerca de 1.200 km do litoral do Rio Grande do Sul e a 5 mil metros de profundidade, já apresenta evidências geológicas de que foi uma ilha tropical vulcânica conectada ao continente. Estudos da USP mostram que o solo é idêntico ao do interior de São Paulo, o que reforça a base legal para o pedido de extensão da plataforma continental brasileira.
A região de 500 mil km² é considerada estratégica por conter minérios como terras raras — fundamentais para a transição energética —, além de basalto e camadas de argila vermelha. Pesquisadores destacam que o Brasil possui uma das maiores reservas desses elementos no mundo, mas ainda enfrenta limitações tecnológicas para beneficiá-los. A Elevação do Rio Grande pode representar uma vantagem econômica e geopolítica para o país no futuro.
O pedido brasileiro está em análise pela Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), órgão da ONU responsável por avaliar esse tipo de solicitação. Em março de 2025, a CLPC reconheceu a metodologia adotada pelo Brasil como válida. A decisão final, porém, ainda não tem prazo para ser divulgada. A área pleiteada está além da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), em uma região chamada Margem Oriental-Meridional.
A descoberta da elevação se intensificou a partir de 2018, em expedições conduzidas por cientistas da USP e de outras universidades brasileiras. Imagens feitas por veículos não tripulados revelaram cânions, depósitos de basalto e camadas de terra vermelha na chamada “Grande Fenda”. Essas evidências reforçam a tese de que a formação tem ligação direta com o território continental brasileiro, fortalecendo a reivindicação diplomática junto à ONU.