Apoie o DCM

“O interesse pelo Brasil acabou”, diz brasileira premiada pelo MIT

 

Nilma Dominique, premiada com o MIT, sorrindo em foto
Em fevereiro, Nilma Dominique recebeu o prêmio Martin Luther King por projeto de ensino da língua portuguesa. Segundo ela, aumentou o desinteresse dos alunos pelo Brasil. Foto: Divulgação/MIT

“O Brasil era interessante para muitos. Dói ver que isso acabou.”. A frase é de Nilma Dominique, a brasileira que criou o programa de língua portuguesa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Para ela, “isso está ligado à política econômica brasileira”. Em fevereiro, ela ganhou o prêmio Martin Luther King em razão do seu “amor, igualdade, serviço e altruísmo”.

Nilma lecionava na Universidade Harvard, quando foi convidada pelo MIT para desenhar a estrutura e o conteúdo do módulo de língua portuguesa do instituto. Foram dois anos de testes, até a implementação oficial. “Em 2010, o português estava bombando”, diz a professora.

Leia mais:

1- Bolsonaro faz cortes na ciência e universidades veem bolsas de pesquisa desaparecerem

2- “Os empregos não existem”, diz ao DCM analista sobre salário mínimo de Bolsonaro

3- Trabalho de Bolsonaro é péssimo para mais da metade dos brasileiros, diz pesquisa

Poucas pessoas querem fazer pesquisa no Brasil

Segundo Nilma, quando o curso foi aberto havia lista de espera. As turmas eram, principalmente, formadas por alunos que tinham interesse profissional em ir ao Brasil. “Hoje, é difícil atingir o número máximo de 18 estudantes”, conta. 

“É uma preocupação constante não só do MIT, mas da grande maioria das instituições com cursos de português. Vivemos altos e baixos”, afirma. É bem menos gente querendo fazer pesquisa no Brasil na situação atual.”

Saiba quem é a mulher negra que dá aulas no MIT

Nascida em Salvador, a docente concluiu o ensino médio na rede pública na cidade vizinha de Camaçari (BA). Depois, estudou letras na Universidade Federal da Bahia (1997) e, por meio de um programa de parceria entre o Brasil e a Espanha, conquistou uma bolsa para o doutorado em linguística aplicada na Universidade de Alcalá, em Madrid.

“Estudei durante a vida toda em escola pública (até o início dos anos 1990) e consegui fazer um doutorado na Espanha. Fico me perguntando se eu teria possibilidade, hoje em dia, de passar em um vestibular e ainda conseguir uma bolsa no exterior”, conta.

Ela ensina português do nível introdutório ao avançado e desenvolveu o currículo atual de disciplinas de língua portuguesa no MIT.  É autora do livro “La comunicación sin palabras. Estudo comparativo de gestos usados ​​na Espanha e no Brasil”, publicado em 2012

“Se eu tivesse ficado no Brasil, teria sido muito difícil me especializar, porque o processo seletivo é extremamente afunilado, e não dá para se dedicar exclusivamente aos estudos. Você precisa continuar no mercado de trabalho”, diz Nilma. As informações são do G1.