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Brumadinho: Filha de funcionário mais antigo da Vale doa indenização para igreja

Bombeiros resgatam corpos com helicóptero na área atingida pelo rompimento da barragem Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

Da reportagem de Carolina Linhares na Folha de S.Paulo.

A última imagem que Flávia Aparecida Barbosa Coelho, 33, tem do pai são seus restos mortais num saco de lixo preto. Aos 62, Olavo Henrique Coelho era o funcionário mais antigo da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O técnico de infraestrutura trabalhava no local havia 40 anos. 

“Você vê o pai sair de casa e depois fica na memória um saco preto. A gente não sabe nem o que tinha dentro”, diz Flávia. 

Como seguir em frente diante desse trauma é pergunta comum aos familiares e amigos das 270 pessoas que morreram há um ano, no rompimento da Barragem 1. Flávia buscou a religião para se sustentar e foi durante uma missa, na Igreja Matriz de São Sebastião, o padroeiro da cidade, que lhe veio a ideia de doar parte da indenização para terminar a construção de outra igreja, de São Francisco de Assis. 

“A ideia é que a população de Brumadinho, que está passando pelo que eu estou passando, consiga se reerguer e não cair em depressão com todo esse cenário de guerra. Um dos lugares que as pessoas podem buscar para ter essa força é na casa de Deus, um lugar acolhedor”, afirma. 

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