Caldinho de Feijão: o gole quente que segura a mesa e o frio

O caldinho de feijão chega sem alarde, num copo pequeno, mas entrega um sabor que ocupa espaço. É abridor de apetite, mas também é protagonista quando vem com torresmo por cima e cheiro-verde fresco. Cada gole carrega o peso leve da tradição: é comida de base, de fundo, de raiz.
No boteco, ele tem função estratégica. Segura a barriga, aquece a noite, segura a cerveja. Às vezes, é cortesia da casa — sinal de que ali se respeita o ritual da comida antes do copo. O feijão preto ou carioca vira creme encorpado, servido quente, direto da panela.
É difícil não fazer silêncio no primeiro gole. Porque o caldinho fala por si. Ele remete à casa da avó, ao sopão da infância, mas chega com identidade de bar: direto, bem temperado, honesto. Pode levar pimenta, alho, louro e, se o dono do bar for caprichoso, um toque de bacon. É uma prova de que o sabor não depende do tamanho. E de que, às vezes, tudo o que a gente precisa para começar bem uma noite é de um feijão quente em copo de vidro.