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Calor extremo potencializa riscos de efeitos colaterais de remédios; saiba mais

Medicamentos. Imagem: reprodução

Ondas de calor extremo, com temperaturas próximas de 40 °C, têm alterado a forma como medicamentos agem no organismo, especialmente em idosos. Especialistas alertam que a temperatura externa influencia diretamente a dosagem e os efeitos de remédios, já que o corpo reage ao calor com sudorese intensa, dilatação dos vasos sanguíneos e maior fluxo de sangue para a pele. Quando esse sistema falha, podem surgir problemas como tontura, fadiga, arritmias, infartos e até golpe de calor.

Segundo a professora Julia Stingl, diretora da Divisão de Farmacologia Clínica do Hospital Universitário de Heidelberg, ao G1, betabloqueadores estão entre os medicamentos mais afetados pelo calor, assim como diuréticos, laxantes, psicofármacos, antidepressivos, anticolinérgicos, anti-histamínicos e analgésicos como AAS e ibuprofeno. A desidratação pode intensificar os efeitos dessas drogas e ampliar reações adversas.

“Está claro na farmacologia clínica: as mudanças climáticas levam a mais mortes, principalmente entre idosos que tomam muitos medicamentos”, afirma. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 490 mil pessoas morrem por ano no mundo devido ao calor extremo, número que inclui também mortes indiretas, como infartos e AVCs.

Idosos, pessoas com doenças crônicas, bebês, crianças pequenas, trabalhadores expostos ao sol e populações vulneráveis estão entre os grupos de maior risco. Especialistas defendem a adaptação de diretrizes médicas diante das mudanças climáticas. No Brasil, um estudo projeta que o aquecimento extremo pode mais do que dobrar a proporção de mortes relacionadas ao calor, superando 2% do total de óbitos até 2054.