“Campanha de Bolsonaro usou internet para desinformação”, diz pivô do caso Cambridge Analytica
Da Veja:
Depois de trabalhar em campanhas de democratas nos Estados Unidos, inclusive do ex-presidente Barack Obama, a texana Brittany Kaiser, especialista em relações internacionais, foi contratada como diretora de negócios de uma então obscura consultoria política inglesa, a Cambridge Analytica. Após o pleito americano de 2016, revelou-se que a empresa coletou, de forma antiética — e possivelmente ilegal —, dados de usuários do Facebook para influir no resultado de eleições em diversos países.
Essa estratégia foi determinante na vitória de Trump. Brittany, que depôs em julgamentos do caso e em 2019 protagonizou o documentário Privacidade Hackeada, da Netflix, detalha os bastidores do escândalo no livro Manipulados, lançado nesta semana pela HarperCollins. Na entrevista a seguir, ela conta como se envolveu nessa história, admite arrependimento e diz que Bolsonaro usou táticas similares em 2018.(…)
O modus operandi chegou a ser adotado em eleições no Brasil? Pela minha experiência e por fatores que não vou detalhar (Brittany é whistleblower em uma investigação do governo americano), é óbvio que o presidente Jair Bolsonaro se apoiou nessa estratégia para se eleger
. A Cambridge Analytica, depois de todos os escândalos, teve dificuldade para operar em solo brasileiro. Todavia, muitas empresas similares fizeram isso em favor de Bolsonaro. A campanha dele usou a internet para espalhar desinformação, viralizar notícias mentirosas, persuadir eleitores. Diferentemente de Trump, ele recorreu mais ao WhatsApp, e não ao Facebook. De resto, foi muito parecido.
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