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Carros têm que ser desincentivados, dizem especialistas em mobilidade urbana

 

O caminho para resolver os problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras é apenas um: aliar o aumento da qualidade do transporte público com o desincentivo ao individual.

A tese é defendida por Elkin Velasquez, diretor do escritório regional para América Latina e Caribe da ONU-Habitat, e pelo pesquisador do IPEA, Carlos Henrique Carvalho, que falaram, na manhã desta terça-feira no EXAME Fórum Sustentabilidade, na capital paulista.

Segundo eles, é preciso inverter a lógica de mobilidade das cidades. “As cidades brasileiras sofrem de um processo de crescimento urbano rápido e desordenado, que é resultado de 50 anos de uma política industrial baseada na indústria automobilística”, diz Carlos Henrique Carvalho.

Ele compara a situação caótica do trânsito e do transporte público de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro com o sistema de mobilidade de 50 anos atrás: enquanto antes os deslocamentos eram feitos em bondes elétricos ou a pé, hoje o que predomina são as viagens individuais.

“Os cidadãos já convivem com as penalidades que esse sistema de mobilidade tem causado, então, o que podemos fazer agora é inverter a política de estímulo ao uso dos carros e promover o transporte coletivo”, diz Carvalho.

Ele explica que o barateamento do transporte individual via isenção de tributos e o congelamento do preço da gasolina acontece ao mesmo tempo que o transporte público fica mais caro.

Os aumentos nas tarifas de ônibus em diversas cidades brasileiras foram o estopim para a onda de manifestações que tomaram as ruas em junho.

“Isso que o prefeito Fernando Haddad está fazendo com as faixas exclusivas em São Paulo é uma medida de equidade, já que a maior parte da população da cidade usa transporte público”, diz.

Saiba Mais: Exame