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Caso Melhem pode ser a ponta da pirâmide na Globo, diz colunista

Marcius Melhem

Da coluna de Ricardo Feltrin no UOL:

Em novembro de 2017 o programa “Zorra Total” festejou 100 episódios de sua nova fase, iniciada dois anos antes. Não deixou de ser surpreendente: um humorístico que já parecia acabado reviveu das cinzas. O novo “Zorra” não só cresceu no ibope, como agradou até mesmo a nós críticos de TV rabugentos. Ficou mais inteligente, mais politizado, menos tacanho. Um dos mais engajaram pelas mudanças grande, o responsável por esse renascimento foi, definitivamente, Marcius Melhem. (…)

1 – Não é certo dizer que o poder corrompe, na verdade ele apenas revela quem de fato uma pessoa é; 2 – A Globo —assim como muitas outras empresas— só deixam de “passar pano” para assediadores sexuais e morais depois que elas próprias são encostadas na parede ao lado deles; 3 – A cultura corporativa do assédio seguia vigente na Globo ainda neste ano de 2020, a despeito de direção da casa ter criado em 2015 uma estrutura de “compliance” (transparência) e de ter recebido milhares de denúncias sobre assédio; 4 – O assédio seguiu nos bastidores mesmo depois do rumoroso escândalo envolvendo Zé Mayer —ator denunciado por uma figurinista em 2017; 5 – Não fosse a determinação e extrema coragem de uma pessoa –Dani Calabresa–, Melhem certamente ainda estaria lá no Projac ditando os rumos profissionais alheios de acordo com seu caráter e seus desejos inconfessos.

Por fim, sapurei a Globo tem menos de 15 mil funcionários e revela ter recebido 3.686 denúncias entre 2015 e 2019. Claro, não são casos só de assédio (de qualquer tipo, moral, profissional etc) para cada 4 funcionários. Não sou “coach” corporativo, mas é óbvio que alguma coisa está MUITO errada na cultura de qualquer empresa com esses números. Vou fazer uma profecia lida na borra do café: Em pelo menos dois anos ele já estará descancelado, e trabalhando espero que menos escroto e prepotente. Seja menos Bozó.