Casos de violência contra jornalistas cresceram 168% em 2020, aponta relatório
Do Globo

Em 2020, casos de violência não-letal a jornalistas cresceram 168% em comparação a 2019, aponta o relatório anual da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) sobre violações à liberdade de expressão. Ofensas, agressões e intimidações representam quatro em cada cinco casos reportados. Ao menos 189 jornalistas e veículos de comunicação sofreram 150 ataques no período. E quatro em cada cinco ofensas a jornalistas ou veículos de comunicação foram feitas por políticos ou ocupantes de cargos públicos, com destaque para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e integrantes do governo.
Segundo a Abert, as estatísticas são alarmantes, sobretudo diante de restrições como distanciamento social, adotadas no contexto da pandemia da Covid-19. Ofensas foram a forma de violência mais recorrente, representando 59 das 150 notificações no período, o que equivale a um aumento de 637,5% em comparação com 2019, quando foram registradas apenas 8 casos.
O relatório também menciona diversos casos de agressões sofridas por profissionais da comunicação, como o ocorrido em agosto de 2020 com jornalista do GLOBO que, após questionar o presidente sobre cheques do ex-assessor Fabrício Queiroz à conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro no valor de R$ 89 mil, Bolsonaro afirmou que “minha vontade é eu encher a tua boca de porrada, tá? Seu safado”.
A Justiça determinou, no dia 27 de março, que o presidente Bolsonaro indenizasse a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, em R$ 20 mil por danos morais. A repórter acionou a Justiça em fevereiro de 2020, após sofrer diversos ataques de cunho sexual por Bolsonaro, que disse que ela “queria dar o furo a qualquer preço”, em referência ao depoimento dado por Hans River na CPI das Fake News. A jornalista fez uma série de reportagens sobre esquema financiado de disparos em massa de notícias falsas contra o então candidato do PT, Fernando Haddad, em 2018. (…)