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Charlie Hebdo faz edição especial de 1 ano do atentado com “deus assassino” na capa

Do Terra:

 

O semanário satírico francês Charlie Hebdo reivindica sua sobrevivência ao fanatismo religioso numa edição especial do primeiro aniversário do atentado jihadista contra sua redação, em 7 de janeiro de 2015. A edição especial, que chega às bancas nesta quarta-feira (06/01), tem na capa a manchete “Um ano depois, o assassino ainda está à solta” e a caricatura de um deus correndo com a barba e as vestes ensanguentadas e um fuzil kalashnikov nas costas.

A tiragem prevista é de 1 milhão de exemplares com 32 páginas, em vez das 16 habituais. Dezenas de milhares serão enviados para o exterior. A edição especial inclui um caderno com desenhos dos cartunistas mortos há um ano – Cabu, Wolinski, Charb, Tignous, Honoré – e de colaboradores externos, entre os quais a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin, atrizes como Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche, intelectuais como Élisabeth Badinter, Taslima Nasreen (Bangladesh) e Russell Banks (Estados Unidos) e o músico Ibrahim Maalouf.

Num editorial inflamado, o cartunista Riss, que foi gravemente ferido no atentado de 7 de janeiro e é o atual diretor do semanário, afirma que, desde a publicação das famosas caricaturas do profeta Maomé, em 2006, “muitos esperavam que nos matassem”. Ele inclui nesse grupo “fanáticos embrutecidos pelo Alcorão” e também seguidores de outras religiões que “nos desejavam o inferno em que creem por termos nos atrevido a rir da religião”. Em sua crítica ele inclui ainda alguns “intelectuais amargurados” e “jornalistas invejosos”.

O cartunista lembra que a redação do jornal foi vítima de um primeiro atentado em 2011, quando suas instalações foram incendiadas num momento em que estavam vazias.

Riss diz que nunca teve tanta vontade de seguir adiante com a publicação como após o atentado de janeiro. “Nunca tivemos tanto desejo de quebrar a cara daqueles que sonharam com o nosso desaparecimento. Não serão uns idiotas encapuzados que vão destruir o trabalho de nossas vidas e todos os momentos formidáveis que vivemos com aqueles que morreram.” Sua conclusão é que “as convicções dos ateus e dos laicos podem mover ainda mais montanhas do que a fé dos crentes”.

 

charlie hebdo