Chefe da maior milícia do Rio ataca ex-aliado e aterroriza 8 comunidades

De Marcos Nunes no Jornal Extra.
Investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) revelam o que está por trás de uma disputa por territórios que envolve dois grupos paramilitares e duas facções do tráfico. Os confrontos ocorrem em oito comunidades localizadas nos bairros de Quintino, Praça Seca e Jacarepaguá, nas zonas Norte e Oeste do Rio. De acordo com a Polícia Civil, a prisão de três bandidos do Morro do São Carlos, no Estácio, foi o estopim para a guerra entre as quadrilhas.
Os três homens, ligados ao tráfico, apoiavam a milícia de Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, em um confronto com integrantes da maior facção criminosa do Rio. Ao lado de paramilitares e outros traficantes, o trio tentava impedir uma invasão do Morro da Barão, na Praça Seca. O grupo do Estácio acabou sendo pego por policiais quando deixava a comunidade, no dia 5 de janeiro.
Os traficantes foram levados para a penitenciária Bangu 9, onde estão integrantes da maior milícia da Zona Oeste. Houve, dentro do presídio, uma “votação”, na qual ficou decidido que os três deveriam ser alvos de represálias assim que outros detentos tivessem uma oportunidade. Por conta do risco imposto por detentos paramilitares, eles acabaram sendo transferidos.
A partir daí, segundo investigações, houve um briga entre a milícia de Macaquinho, que havia “contratado” o trio, e a chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, a maior do Estado do Rio. Até então, eram aliados — Ecko cedia homens e armas para as ações planejadas por Macaquinho. Mas o que aconteceu em Bangu 9 não foi aceito pelo bandido que recorreu à quadrilha do Estácio para garantir seu domínio sobre o Morro da Barão.
Ecko não quis saber de insatisfação. Com o racha, ordenou, no mês passado, uma invasão na Gardênia Azul, na Zona Oeste, comunidade que Macaquinho havia conseguido tomar do tráfico. Dezenas de homens armados entraram e expulsaram os rivais. Parte da ação foi registrada por câmeras de segurança. Os integrantes da maior milícia do Rio avisaram a comerciantes que, a partir daquele momento, as taxas de segurança deveriam ser pagas a eles.
Sabendo que o grupo de Macaquinho planejava retomar a Gardênia Azul, a Polícia Civil interferiu na guerra, para tentar evitar novos tiroteios e um possível banho de sangue. No último dia 3, equipes coordenadas pelo Departamento Geral de Polícia Especializada realizaram uma operação. Catorze suspeitos foram presos.
Fragilizado após a briga com Ecko, Macaquinho também perdeu, em janeiro, o controle dos Morros da Caixa D’Água e do Saçu, em Quintino. As duas comunidades foram invadidas por traficantes da maior facção criminosa do Rio, que usaram o Morro do Dezoito, localizado no mesmo bairro, como base para os ataques. No dia 3, a PM realizou uma operação em comunidades da região. Houve confrontos e dez suspeitos acabaram sendo mortos.
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