China acende alerta sobre guerra de preços entre montadoras de carros elétricos

O governo chinês começou a reagir à guerra de preços no setor de veículos elétricos (EVs), liderada por empresas como a BYD. No fim de maio, a montadora reduziu os preços de 22 modelos, levando o compacto Seagull a custar apenas 55.800 yuans (cerca de R$ 43 mil). A medida, vista inicialmente como estratégia de mercado, acendeu o sinal vermelho em Pequim.
O Ministério da Indústria alertou que “não há vencedores na guerra de preços” e prometeu medidas para conter a disputa. Já o jornal estatal People’s Daily destacou que produtos baratos e de baixa qualidade podem manchar a imagem dos produtos chineses. A preocupação é que a competição agressiva esteja minando investimentos em inovação e comprometendo a segurança dos veículos.
Hoje, existem 115 marcas de EVs no país, mas apenas algumas são lucrativas. O presidente da Great Wall Motor, Wei Jianjun, chegou a comparar o setor ao colapsado mercado imobiliário, dizendo que “a Evergrande da indústria automobilística já existe, só não explodiu ainda”. A fala foi criticada por um executivo da BYD, que chamou a avaliação de “alarmista”.
O cenário é reflexo de uma crise maior na economia chinesa: no terceiro trimestre de 2024, quase 25% das empresas listadas em bolsa operavam no prejuízo — mais que o dobro de cinco anos atrás. A disputa por preços cada vez mais baixos pode ser insustentável até mesmo para as gigantes do setor.