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Christian Dunker rebate intelectuais que não reconhecem fascismo no neoliberalismo bolsonarista

Christian Dunker em entrevista ao DCM. Foto: Reprodução/YouTube

Do Blog do Dunker no Tilt do UOL.

Em resposta ao texto que elaboramos sobre as afinidades do bolsonarismo com o fascismo, publicado em Ilustríssima, na Folha de S.Paulo, um grupo de pensadores reagiu com um artigo sobre “Desafios de uma Sociedade Aberta”.

Nosso artigo partiu de uma caracterização clara para examinar a hipótese do fascismo à brasileira: a proposta de armar a população brasileira, as agressões físicas e as tentativas de intimidação a jornalistas e membros do STF, a formação de grupos armados e milicianos ligados ao bolsonarismo [1].

Reconhecendo a complexidade definicional do fascismo, escolhemos fixá-lo como um tipo de discurso e um conjunto de estratégias, que, e essa era nossa pergunta, haveria de ter algum precedente histórico em nosso país. Foi assim que chegamos tanto ao integralismo de Plínio Salgado, quanto a ditadura militar brasileira e seus temas como a violência em nome da defesa da família e da alma brasileira.

Era uma forma de caracterizar historicamente o paralelismo entre bolsonarismo – em sua dupla base de defensores da violência como método – e do neopentecostalismo de resultados – como instrumento de moralização da política.

A aliança entre Deus e Nação, cuja retórica dominante é a do líder pai capitaneando seus filhos e irmãos e localizando seus adversários como inimigos corrompidos, justifica o traço de mobilização das massas característico do fascismo.

Nosso artigo acentua que o nexo econômico deste novo fascismo é confuso. Submisso a outra potência estrangeira, mas desmonta aspectos do Estado protetor. Reduz o impacto da Constituição de 1988, em acordo com uma agenda de austeridade, mas se atrapalha nas reformas tributária, administrativa e previdenciária, que até aqui dependeram mais do legislativo. Reconhecemos a anomalia de Bolsonaro neste caso:

“É verdade que a maior parte das experiências historicamente identificadas como fascistas não foram economicamente liberais, bem ao contrário, mas isso não quer dizer que exista uma relação unívoca entre fascismo e estatismo.” [2]

(…)