Cientistas avançam na solução de um dos maiores mistérios da natureza

(Foto: Reprodução/Pilot Institute)
Em 1906, uma corrida de balões em Paris reuniu milhares de pessoas e marcou, sem que ninguém soubesse, o início de uma investigação científica que duraria mais de um século. Após o evento, o cientista Lewis Fry Richardson analisou os locais de pouso dos balões e observou um padrão comum a outros fenômenos atmosféricos, como a dispersão de cinzas vulcânicas e sementes levadas pelo vento. Ele propôs uma lei sobre como objetos se espalham na atmosfera turbulenta — um fenômeno conhecido hoje como superdifusão.
A turbulência é considerada um dos maiores enigmas da ciência. As equações que descrevem o fluxo de fluidos funcionam em movimentos suaves, mas falham diante da imprevisibilidade dos redemoinhos e espirais formados em fluxos caóticos. Essas estruturas de diferentes tamanhos se influenciam mutuamente, impossibilitando a previsão precisa do movimento de partículas — como, por exemplo, dois patos de borracha jogados em um rio com correnteza forte.
Apesar dos avanços em simulações computacionais e observações físicas, a superdifusão ainda não havia sido comprovada matematicamente nem mesmo em modelos simplificados. Isso mudou no ano passado, quando três matemáticos demonstraram pela primeira vez que partículas em um fluido turbulento idealizado se espalham com uma rapidez fora do comum, confirmando a previsão feita por Richardson no início do século XX.
O resultado foi considerado um avanço significativo por especialistas como Vlad Vicol, da Universidade de Nova York. Um dos autores do estudo, Scott Armstrong, também do Instituto Courant, acredita que a técnica matemática utilizada na prova pode abrir caminho para resolver outros problemas considerados intratáveis. Segundo ele, o método ainda é subestimado por muitos colegas, mas o novo feito pode mudar essa percepção.
