Cinzas de 166 pessoas “somem” no espaço após falha; entenda

Uma cápsula funerária da startup alemã The Exploration Company (TEC), que transportava as cinzas de 166 pessoas, desapareceu durante a reentrada na atmosfera terrestre no fim de junho. A missão, contratada pela empresa americana Celestis, fazia parte de um serviço de funerais espaciais com preços que chegam a R$ 274 mil. O módulo chamado “Nyx Mission Possible” deveria retornar à Terra após duas voltas ao redor do planeta, mas perdeu comunicação com o centro de controle a cerca de 26 km de altitude, antes da abertura dos paraquedas.
A carga incluía também material vegetal e sementes de cannabis, utilizadas em um experimento sobre cultivo em microgravidade voltado para futuras missões a Marte. Segundo a TEC, a cápsula havia restabelecido contato brevemente após o blecaute padrão causado pelo calor da reentrada, mas a conexão foi novamente interrompida, impossibilitando a recuperação da carga. Uma equipe independente foi montada para investigar o que aconteceu.
Essa era a primeira vez que uma missão da Celestis previa o retorno das cápsulas com as cinzas à Terra. Em nota, o CEO da empresa, Charles Chafer, lamentou o incidente, afirmando que compartilha da frustração das famílias, mas destacou que os entes queridos fizeram parte de uma jornada histórica, orbitando o planeta antes de descansarem “na vastidão do Pacífico”, em alusão ao tradicional espalhamento de cinzas no mar.
Os valores do serviço variam conforme o destino da cápsula: da breve exposição ao ambiente de gravidade zero até missões com órbita lunar ou rumo ao espaço profundo. A promessa da Celestis era entregar às famílias um vídeo da missão, além da devolução das urnas — algo que agora não será possível. A TEC pediu desculpas públicas aos clientes, afirmando que agiu dentro dos protocolos legais e que prestará esclarecimentos aos afetados.