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Cirurgião brasileiro defende que obesidade é biológica e critica estigma em tratamentos

Ricardo Cohen: médico cirurgião. Foto: Divulgação

O cirurgião brasileiro Ricardo Cohen está prestes a encerrar seu mandato na presidência da Federação Internacional da Cirurgia da Obesidade e Transtornos Metabólicos (IFSO). Reconhecido como um dos maiores especialistas do país no tema, e responsável pelo Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo, ele defende que o tratamento da obesidade deve unir medicação e cirurgia quando necessário.

Em entrevista, o médico destacou que o estigma ainda é forte. Pesquisas internacionais mostram que muitos pacientes acreditam que basta “fechar a boca e fazer exercícios” para vencer a obesidade, o que perpetua a ideia de fracasso quando não conseguem emagrecer.

Cohen compara a situação com outras doenças crônicas, como o câncer: assim como nelas, o tratamento precoce faz diferença e deve ser personalizado. Ele lembra ainda que a cirurgia bariátrica é oferecida no SUS, mas subutilizada, e critica a decisão da Conitec de rejeitar a inclusão de medicamentos como semaglutida e liraglutida na rede pública.

Para o especialista, a mudança no diagnóstico e a ampliação do acesso a terapias modernas podem transformar a forma como a obesidade é tratada no Brasil e no mundo. Ele ressalta que o custo de complicações associadas, como cirurgias cardíacas e internações por insuficiência, é muito mais alto do que o investimento em medicamentos. “Obesidade é biologia, não é falta de força de vontade”, resume ele, defendendo a necessidade de acolher os pacientes com base em evidências científicas e não em preconceitos.