Classificar MST e MTST como terrorismo é “descalabro” de regime autoritário, diz Boulos

Guilherme Boulos. Foto: Divulgação/Twitter

Do Bol

O coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos afirmou nesta quinta-feira (8) que a tentativa de classificar ações de movimentos sociais como terrorismo é um “descalabro próprio de pessoas e regimes autoritários”.

“Qualificar a luta social como terrorismo é próprio de quem não consegue conviver com oposição, de quem não consegue conviver com contestação, de quem não consegue conviver com democracia”, disse em entrevista concedida a jornalistas após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na prisão em Curitiba.

A declaração de Boulos foi uma crítica às mobilizações recentes realizadas no Congresso para ampliar a Lei Antiterrorismo, sancionada com vetos em 2016 pela então presidente Dilma Rousseff (PT).

Na semana passada, senadores tentaram dar andamento a uma proposta que altera pontos da lei –entre eles, a possibilidade de tipificar como terrorismo atos de “motivação política, ideológica ou social” e que coloquem em risco a liberdade individual. Após pressão de parlamentares do PT, a votação foi adiada.

O projeto está sob relatoria do senador Magno Malta (PR-ES), um dos aliados do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que já defendeu que atos de movimentos sociais como o MTST e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) sejam tipificados como terrorismo.

Boulos afirmou que os movimentos sociais são responsáveis por diversas conquistas de direitos na história do país e disse que muitos integrantes desses movimentos procuram uma ocupação porque não têm dinheiro para pagar aluguel.

“[Essas pessoas] não ocupam a casa de ninguém, como o preconceito diz, como as fake news dizem. Ocupam imóveis que estão em situação ilegal, de abandono, assim como o MST faz no campo, ocupa latifúndios improdutivos”, disse.

“É disso que se trata. Essas pessoas são terroristas? Alguém que não consegue pagar aluguel no fim do mês é terrorista? Um trabalhador boia fria que vai para uma ocupação para ter uma terra para plantar é terrorista? Isso é descabido”, completou.

(…)

Larissa Bernardes

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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