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Clóvis Rossi: é ‘verdade alternativa’ fingir que só Temer é inocente no caso Odebrecht

De Clovis Rossi, na Folha:

O então presidente do PMDB, um certo Michel Temer, admite publicamente ter pedido contribuição de campanha a Marcelo Odebrecht, presidente de uma empreiteira atolada no maior esquema de corrupção jamais revelado neste país.

A empreiteira, como era inevitável, aceitou contribuir, conforme vazou, com abundância de detalhes.

Temer defende-se dizendo que a “contribuição” foi legal, devidamente declarada e não parte de um esquema de propina e/ou caixa 2.

Dá para acreditar? Claro que não, se se considerar nota oficial da Odebrecht, em que ela “reconhece que participou de práticas impróprias em sua atividade empresarial. (…) Foi um grande erro, uma violação dos nossos próprios princípios, uma agressão a valores consagrados de honestidade e ética”.

Mais: afirma também que o sistema partidário-eleitoral do Brasil é “ilegal e ilegítimo”.

Só mesmo o mais rematado tolo acreditaria que, com todos os outros políticos, a empreiteira cometeu uma agressão à honestidade e à ética, mas não com Temer, certo?

No entanto, a maior parte do mundo político e empresarial se finge de tolo rematado, assobia e olha para o lado, em vez de armar o escândalo correspondente à revelação pública de uma inaceitável promiscuidade entre uma autoridade e uma empresa privada que faz negócios com o governo.

(…)