CNJ abre investigação e afasta juíza bolsonarista

Ludmila Lins Grilo, da Vara de Infância e Juventude da comarca de Unaí (MG), foi afastada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta terça (14) por unanimidade. O órgão ainda abriu duas investigações contra a juíza bolsonarista. A informação é do g1.
Ela é investigada por se recusar a voltar ao trabalho presencial mesmo sem autorização e por ter feito postagens em redes sociais com ataques ao Judiciário. Segundo o CNJ, as publicações ferem a lei da magistratura.
A juíza alegou que não comparece presencialmente ao trabalho por ter recebido ameaças. Também afirmou que o CNJ quer acabar com sua reputação.
Nas redes sociais, ela compartilhou um texto intitulado “os perseguidores-gerais da República do Brasil” com montagem de fotos de Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Ela fez outras publicações atacando o inquérito das fake news, Luiz Fux e a Justiça Eleitoral. Ludmila também já chamou seu posto como juíza de “carguinho”.
Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, votou pela instauração de um processo administrativo e afastamento cautelar da juíza. Ele foi seguido pelos pares.
“Diante do poder de influência das mídias sociais, em um momento como o presente, em que se reafirmam os pilares da democracia, toda conduta que possa representar a violação de princípios éticos claramente estabelecidos deve ser coibida”, afirmou Salomão.
Também foi determinada inspeção na comarca da magistrada depois de sindicâncias apontarem problemas em sua gestão. Um relatório apontou extravio de processos, 1.291 processos paralisados em cartório, ações que aguardam sentença há mais de 100 dias (dois deles há mais de um ano), baixa produtividade, 23 processos parados aguardando despachos há mais de um ano, falta de controle do cartório do prazo prescricional e 1.160 processos indevidamente paralisados.
Segundo Salomão, Ludmila “não cumpre seus deveres básicos” e estaria “negligenciando a gestão do cartório”.