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CNPq diz que gestações ‘atrapalharam formação acadêmica’ de professora

Prédio do CNPq. Foto: Divulgação/Governo federal

A professora Maria Carlotto, do curso de relações internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC), recebeu um parecer do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ao analisar a formação acadêmica da docente, o órgão afirmou que “provavelmente suas gestações atrapalharam” a realização de pós-doutorado internacional, acrescentando que isso “poderá ser compensado no futuro”.

Diante disso, seu pedido de bolsa de produtividade foi recusado. A docente explicou que o edital de sua área, a sociologia, incluía um mecanismo para incentivar mulheres que são mães a submeterem propostas.

“Um edital que se propõe a ser sensível à questão de gênero e, mais especificamente, da maternidade, tinha que ter feito o circuito completo. Na prática, eles incentivaram as mulheres mães a participarem e depois entregaram violência de gênero. Eles tinham que ter feito um trabalho de letramento dos pareceristas”, disse a pesquisadora à coluna Painel, da Folha de S.Paulo.

Em nota, o CNPq afirmou que o juízo feito no parecer foi inadequado e incompatível com os princípios da agência, “tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as circunstâncias associadas à gestação”. Além disso, alegou que a avaliação foi formulada por parecerista ad hoc e não influenciou na decisão, que foi tomada pelo comitê assessor responsável pela análise das propostas de pesquisa.

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