Cofundador da Natura declara voto em Lula no 2° turno e diz que Bolsonaro é ameaça ao Brasil

O empresário Pedro Passos, cofundador da Natura, em entrevista à Folha de S. Paulo, declarou voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições. O empresário também apontou que o Brasil está sob ameaça no comando do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o ex-capitão descumpriu promessas na economia:
Em 2018, o sr. escreveu um artigo na Folha intitulado “Qual é o meu voto”, defendendo uma agenda de mudanças, mas não citou nomes. Agora, por que o sr. sente essa necessidade de abrir o voto? Abro o voto para Lula porque estamos diante de uma ameaça institucional com o governo Bolsonaro e também porque tenho acompanhado a eleição. Eu apoiei a construção de uma agenda com o programa da Simone.
Efetivamente, no primeiro turno, tivemos a surpresa de uma maior votação no Bolsonaro do que o previsto nas pesquisas, e vimos a eleição de um Congresso muito radical de direita, na linha do Bolsonaro. Eu tenho muito medo que isso se reflita num governo forte e com tendências reacionárias. Tenho muito medo do que pode acontecer institucionalmente. (…)
Cinco economistas ligados à criação do Real e à estabilidade da moeda, bem como empresários como sr. já declararam apoio a Lula. O sr. espera algum aceno de Lula na área econômica a partir desse apoio público? Eu espero que sim. Infelizmente, o programa que o PT tem sinalizado é muito ultrapassado. Seja pelo intervencionismo, seja pela influência que prevê nas estatais, pela manutenção de uma economia fechada, ou pela revisão de algumas reformas importantes, como a trabalhista.
Não é a agenda que imaginamos para o Brasil. (…)
Qual é sua avaliação do governo Bolsonaro na economia? É um governo que prometeu ser liberal, mas de liberal não tem nada. É intervencionista. Interveio na Petrobras várias vezes. Não respeitou o teto de gastos. Não evoluiu com as reformas. A reforma tributária está acordada, mas não foi implementada.
Falando em educação, a reforma do ensino médio, aprovada no governo de Michel Temer, não foi implementada pelo governo Bolsonaro. Aliás, a educação foi uma tragédia. Sem falar da questão ambiental.
Não tenho nenhuma expectativa de que ele possa fazer algo muito diferente daqui para frente.
Mas a minha maior preocupação com o Bolsonaro é como ele lida com a parte institucional, com a democracia. Ele é uma ameaça, e o Brasil não pode viver sob ameaça. (…)